Aquecimento global é isto…

Situação iraniana prestes a piorar

Jeffrey Nyquist

Os Estados Unidos irão bombardear o Irã para evitar que os iranianos venham a ter armas nucleares? A fraqueza da atual administração e a impopularidade, na Europa e no Oriente Médio, de um ataque preventivo americano, estão entre os fatores que pesam contra um evento dessa natureza. Aqueles que mais alto gritaram contra o imperialismo americano e a maldade da atual administração, não obstante, são os que têm feito circular rumores e cenários nos quais um ataque americano parece iminente. Os rumores que ouvimos em outubro de 2006, repetem-se, apenas com novos detalhes: ex-agentes da CIA murmuram incoerentemente acerca de planos de ataque enquanto jornalistas franceses têm as informações ultra confidenciais e Dick Cheney agora desempenha o papel de Príncipe das Trevas. O velho e surrado script, agora já manchado de café, mas com novos diálogos, é empurrado adiante mais uma vez. Mas um ataque americano ao Irã irá mesmo finalmente materializar-se?

Os EUA estão claramente fazendo preparativos de guerra contra o Irã. Mas isto significa que a administração Bush irá atacar? Não necessariamente. Construir uma ameaça crível é uma boa estratégia de negociação. Infelizmente, as negociações falharam. Os iranianos não arredaram o pé e o analista arguto, tomando o pulso islâmico, pode dizer, sem medo de contradição, que o Irã não está desistindo de seu programa nuclear. Eles estão determinados a fabricar armas nucleares. Eles estão determinados a se transformar numa ameaça nuclear. A Europa e os Estados Unidos não podem convencê-los a desistir na base da conversa.

Acrescente a isso o fato que de George Bush tornou-se um presidente muito fraco, um líder bastante impopular, e sua reputação ao redor do mundo é pior do que nos EUA. Apesar de as pessoas em muitos países ainda admirarem os Estados Unidos ou de gostarem dos americanos, é fácil ouvi-las dizer o quanto odeiam o presidente Bush. No Oriente Médio, a aventura iraquiana irritou aliados importantes, tais como a Turquia e a Arábia Saudita. Aliados europeus também expressaram sua contrariedade. A invasão ao Iraque trouxe problemas novos a uma região já inundada de problemas. Acrescentar ainda mais uma palha às costas do camelo sobrecarregado, i.e., uma guerra com o Irã, só ampliaria a desordem. Por enquanto, parece que não está bem entendido que tal ampliação poderia estourar os limites locais e iniciais e se alastrar pela Ásia toda. Isto tem a ver com as estratégias mais sinistras da China e da Rússia.

Dada a fraqueza da presidência de Bush e os muitos fatores que refreiam a sua administração quanto a um ataque ao Irã, os israelenses[*] podem tomar o porrete e lançar eles mesmos um ataque preventivo contra o Irã. Militarmente menos capazes de fazer um serviço completo, os israelenses podem, não obstante, causar danos muito sérios à infra-estrutura nuclear iraniana. Este é o cenário mais provável à medida que o tempo avança e as negociações provam-se inúteis. Diante disso, a melhor estratégia iraniana seria a de lançar ataques imediatos contra navios americanos e contra as forças terrestres americanas no Iraque. Ao retaliar contra alvos americanos, os iranianos atrairiam os EUA e Israel para uma posição conjunta, lado a lado, numa série de confrontos militares conectados. Os israelenses e americanos seriam então vistos operando em conjunto, numa nefanda conspiração contra a Nação Islâmica. Isto poderia ter um efeito poderoso e eletrizante sobre toda a região.

Se o sentimento antiamericano for inflamado dessa forma, se a imaginação islâmica for suficientemente agitada pela mistura de Israel com forças americanas lutando contra o mesmo país islâmico, estados chave tais como o Egito e Arábia Saudita não mais seriam aliados confiáveis. Ainda outra desestabilização da região pode ser esperada. Os iranianos podem também tentar fechar o Estreito de Ormuz, através do qual fluem 40% do petróleo que o Ocidente consome. Nas palavras do líder supremo do Irã, Seyyed Ali Khamenei: “Se os americanos fizerem um movimento errado na direção do Irã, o suprimento de petróleo certamente enfrentaria perigo, e os americanos não seriam capazes de proteger a oferta de energia na região”.

Mesmo com todos os rumores de uma guerra contra o Irã, a questão pode não chegar a nenhum plano específico dos Estados Unidos em lançar um ataque preventivo. Uma guerra pode estourar sem nenhuma ação americana. Os iranianos poderiam iniciar uma ação por sua própria conta. Os israelenses podem lançar um ataque tal como ameaçaram fazê-lo no passado. De qualquer modo, as conseqüências seriam essencialmente as mesmas para os EUA. Uma guerra mais ampla começaria e as forças americanas permaneceriam fixadas no Oriente Médio.

Como esse resultado poderia ser evitado?

Um conflito entre dois modos de vida diferentes, entre duas civilizações, pode ser inevitável se aceitarmos a noção de que o Irã representa a civilização islâmica e os Estados Unidos representam a civilização ocidental. Os iranianos propugnam que a sua civilização merece as vantagens da posse de armamentos nucleares. Por que o Ocidente deveria ter poder de veto sobre os armamentos iranianos? Os americanos, britânicos, franceses e israelenses temem um Irã com armas nucleares porque temem a natureza radical do pensamento religioso islâmico. É evidente ao primeiro olhar que nenhum lado pode admitir a razão do outro. Os iranianos não podem admitir que a sua religião torne-os inadequados para possuir armas nucleares. Ao mesmo tempo, o Ocidente (e especialmente Israel) teme um Irã armado nuclearmente.

Seria o Ocidente arrogante quando busca evitar que a tecnologia bélica nuclear seja conquistada pelo Irã? No fim das contas o que importa é o fato do conflito iminente. Nesta questão, mesmo que os americanos estejam paralisados e incapazes de atacar o Irã, os israelenses olham para os passado e lembram-se de Hitler e do Holocausto e não vêem outra escolha. Eles precisam lançar um ataque às instalações nucleares do Irã. A lógica do lado israelense deveria ser óbvia a todos. Portanto, uma séria crise militar e econômica deve se seguir.

Não deveríamos esperar uma solução pacífica.

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