De cara nova

Vocês desculpem esta crônica tão técnica, tão pouco crônica, tão destoante do que costumo escrever, mas confesso que não saberia falar sobre outra coisa.

Como vocês podem ver, acabo de recriar todo o Café Impresso. O site existe desde 1999 e inicialmente era o que são hoje os blogs. Ou seja, era um blog no tempo em que não havia ainda blogs. Aliás, não havia nem banda larga. O que eu fazia era simplesmente aplicar o conceito mais básico da Rede: “comentar e remeter”. Simples, mas árduo. Diariamente, eu entrava em cada um dos jornais disponíveis online e ia abrindo as matérias que julgava mais importantes. Desconectava, lia as matérias, comentava e criava um link no Café para o texto original. O processo se repetia para cada jornal e revista.

Fazia isso com todas as editorias, o que tornava o Café uma revista diária bastante completa. Eu costumo dizer que qualquer veículo de informação é um animal de seis patas. De um lado, as editorias de Cidade, País e Mundo. De outro, as editorias de Cultura, Esporte e Lazer. A cabeça desse animal estranho é a editoria de Opinião – que deveria ser sempre clara e evidente. Óbvio, mas raro.

Era comum eu receber e-mails parabenizando o “trabalho da equipe”, o que eu achava muito engraçado e lisonjeiro porque o Café sempre foi um “bloco do eu sozinho”. Quando a crônica passou a ser o centro da minha atividade literária – porque o jornalismo também é uma atividade literária, nunca esqueçam disso! – o Café passou a ser uma vitrine para as crônicas, no exato momento em que a explosão dos blogs tornava a atualização diária quase uma condição de sobrevivência na internet.

Agora decidi que o Café voltará a ser um blog; ou um site de atualização diária, como prefiro chamar. Mas, de novo, pretendo aplicar alguns conceitos que me parecem ser os novos fundamentos da internet agora movida à banda larga. Nestes quase dez anos de existência do Café, a internet não tem feito outra coisa senão mudar, mas a mudança mais essencial foi a disseminação da banda larga. Tudo mais decorre daí, das novas demandas ditadas pela maior velocidade de acesso. “Comentar e remeter” ainda é – e será sempre – o conceito definidor da Rede, mas o modo de fazer isso mudou completamente com a banda larga. É isso, enfim, que eu quero explorar.

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