O inferno são os outros

Até Dunga culpa a imprensa por seus fracassos.

Esse o sentido da célebre frase de Sartre em Hui Clos “o inferno são os outros”. O personagem que vocaliza a fórmula nada tem de sartreano – ao contrário: é exatamente a figura do ressentido que não reconhece sua exclusiva responsabilidade sobre tudo que lhe acontece.

O existencialismo como todo idealismo recusa o real, mas tem esse apego moral que é, vamos dizer assim, seu corolário mais honesto: a solidão do sujeito. A despeito de sua evidente socialbilidade há um cerne de solidão inacessível em cada individuo, visto não ter ele uma comunicação direta com o mundo – ou ao menos uma comunicação comunicável.

O idealismo não é necessariamente o único – e muito menos o melhor – caminho para se chega a essa conclusão. Essa “incomunicabilidade” aponta para cima (Descartes) e não para baixo (Kant).

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