A questão palestina e a imparcialidade da imprensa

Mais uma vez, como em todos os conflitos entre árabes e israelenses, o noticiário não tem sido imparcial e é, muitas vezes omisso, suprimindo ou falseando informações que certamente ajudariam o leitor a ter uma visão mais clara da questão o que, por sua vez, contribuiria bastante para sua solução.

Sistematicamente, por exemplo, se esconde a origem da questão palestina. O Globo, em sua edição de 29 de dezembro, chega ao ponto de falsear inteiramente os fatos ao publicar uma “cronologia dos conflitos” que abre com a seguinte afirmação: “maio de 1948: É formado o estado de Israel. Pelo menos 700 mil palestinos são expulsos de suas casas.”

Nada mais falso. Omite-se que, no dia seguinte à sua fundação, Israel foi invadido por cinco exércitos árabes (Egito, Síria, Jordânia, Líbano e Iraque), que há meses pressionavam os árabes que habitavam Israel para que deixassem o país, sob pena de serem tratados como traidores do Islã depois que os árabes expulsassem os judeus. Cerca de 800 mil palestinos deixaram, sim, suas casas, sob a promessa que voltariam depois da vitória árabe. Israel, ao contrário do que se diz, tentou por todos os meios mantê-los em seu território por motivos econômicos, sociais, humanitários e estratégicos. Muitos árabes decidiram ficar e aceitar a cidadania israelense, apesar de todas as ameaças árabes.

Mas os árabes foram derrotados. Criou-se então o problema dos “refugiados árabes” que a propaganda árabe logo tratou de transformar em “palestinos”, para contornar sua responsabilidade pelo destino dessa gente. Os árabes exigiam o retorno de todos, enquanto Israel reclamava, em contrapartida, o reconhecimento de seu Estado e um Tratado de Paz, condições tidas como inaceitáveis pelos árabes. A o contrário, até hoje, com exceção de Egito e Jordânia, os árabes – e agora os iranianos – clamam pela destruição de Israel e não reconhecem seu direito a existência. Nesse caso, como aceitar o retorno de potenciais inimigos para seu território – sem nenhuma garantia, afinal?

Por outro lado, Israel fora obrigado a absorver pelo menos 500 mil judeus expulsos de todos os países árabes – sem nenhuma indenização e obrigados a deixar seus bens para trás. Esses “refugiados judeus” foram acolhidos pelo jovem Estado de Israel que passou a exigir que os países árabes também acolhessem uma parte dos refugiados árabes – coisa que jamais nenhum país árabe fez: até hoje os palestinos não têm sequer passaporte. O único país que deu um tratamento minimamente humanitário aos palestinos foi a Jordânia. Como prova de sua gratidão, Arafat tentou derrubar o rei Hussein do poder, o que provocou a sangrenta expulsão dos palestinos para o Líbano, no que ficou conhecido como o “Setembro Negro”.

Agora mesmo, apenas a Folha Online noticiou que o governo egípcio e o próprio presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, denunciaram o Hamas por fechar a fronteira com o Egito para impedir que feridos fossem atendidos em hospitais daquele país.

Trata-se de um fato exemplar porque mostra como os palestinos têm sido usados como massa de manobra pelos países árabes e por seus supostos líderes. Basta imaginar tudo que já foi gasto em armas ou simplesmente desviado por sucessivas dirigentes corruptos em vez de aplicado na construção de um estado palestino. Ao contrário, há 60 anos o palestino comum vive em imensas favelas – comparáveis ao Complexo do Alemão, no Rio – dominadas por violentas facções criminosas que, sob o pretexto político-ideológico – os mantém sob um regime de terror permanente e intensa propaganda belicosa, enquanto seus primos ricos se refastelam em banheiras literalmente de ouro.

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