O ressentimento em Nietzsche

O ressentimento tem um papel fundamental para compreensão do pensamento de Nietzsche – vale dizer: para a compreensão de Nietzsche. Sem dúvida, é um grande psicólogo, como ele mesmo se intitulava – creio que até com certa dose de ironia. 

Acredito que Nietzsche percebeu que o ressentimento é a matriz de toda reação humana. É preciso relê-lo com atenção. Se é assim, mais uma vez, ele estaria muito próximo do melhor do budismo, de uma “psicologia budista”. Seja como for, parece certo que Freud seria impossível sem Nietzsche.

Juntando as pontas: todo pensamento seria o sintoma de algum ressentimento? Todo? Seria possível um “pensamento puro”, isto é, livre de ressentimento? E assim, voltamos a uma “psicologia budista”. Não será de estranhar então que o “eu” contra o qual Nietzsche se bate coincida com o “ego” dos budistas.

9 Comentários

  1. Creio que a maior causa do ressentimento é quanto tentamos ser o que não somos, e isso gera contradições. Um erro meu, foi querer conhecer a política do mundo em geral, o que foi contraditório e estupido por minha parte, pois eu nada tenho a ver com o assunto. Seguir seu proprio caminho é a cura do ressentimento. E seguir o proprio caminho não é algo tão facil, requer uma personalidade muito forte. Porque para personalidades fracas é facil se apegar a uma idéia coletiva, de massa, tipo um extremismo ideologico ou político, como se fosse uma muleta emocional, e isso gera ressentimento no convívio com outras pessoas. Repara que Nietzsche nunca conviveu com ninguem, ele era um solitário, por isso nunca se ressentiu.

  2. exato Marie Tourvel…rsrs….

    Sou budista e recomendo o livro “You were born for a reason” no site, “http://www.amazon.co.uk/You-Were-Born-Reason-Purpose/dp/0979047102”
    Vale a pena e é barato. Expõe o pensamento budista de forma muito compreensivel…abraço a todos…..

  3. Rsrs, sim, vc viajou e eu também! Rsrs. E ainda na nossa viagem: entendi que vc especulou, eu também… Me digo budista pq é uma referência de que pratico a filosofia budista, uma filosofia altruísta, pela paz mundial e pela felicidade de todas as pessoas, recito o nam-myoho-renge-kyo como instrumento de alcance de objetivos, mas sou também de origem cristã e não me afirmo em nenhuma religião, todas são mui interessantes, gosto mesmo é de estudar as Ciências das Religiões, rs. Sou também de alma especuladora, por isso estou aqui, re-especulando com vc, rsrs.Também não aceito a idéia de karma, não creio que existam reencarnações. E o que é “transmigração de almas singulares”?Não sei se vc se referiu ao niilismo em seu sentido positivo, ou no negativo…Não conheço Goenka, mas Krishnamurti me ensinou, em meados da década de 80, a descobrir e a ter minha própria técnica de meditação, como comentei em outro texto seu, e assim foi, e assim é. O mantra do budismo que citei acima, como já disse, é apenas um instrumento para determinar o alcance de objetivos. E concordo com vc: a meditação traz luzes, sempre!Conheça Jung, vale muito a pena… E discordo da idéia de que todo pensamento seja sintoma, na verdade Freud não me agrada em tudo o que diz… Rs. Jung veio trazer uma idéia revolucionária e não determinista das experiências humanas, diferindo de Freud, quando acredita em toda e qualquer transformação daquilo que se deseja transformar, essa idéia de Jung comunga com Nietzsche, com Einstein e com a filosofia budista, rs – é muita viagem… Mas eu gosto! Entendi que vc se refere a ressentimento como sendo o trauma originário das repetições neuróticas subsequentes a ele, o ressentimento seria o causador dos sintomas neuróticos, ou das neuroses, é isso?Boa viagem… Rs.

  4. Anam, não sei se vc viajou – só sei que eu viajei! rs Procurei ser o mais cauteloso possível e evitar a afirmação a categórica, mantendo o tom especulativo. Apesar de meditador Vipassana, não sou budista. Sou cristão, mas não sigo nenhuma religião formal. Sou cristão por tradição, digamos assim, e minha afinidade com o budismo se funda no que pode haver de comum entre as duas filosofias, chamemos assim. Mas sei muito, muito pouco sobre uma e outra. Acontece que sou por índole um especulador – e a internet favorece a especulação.Tenho dificuldade em aceitar a doutrina do karma e a entendo melhor quando traduzida à luz do espiritismo (transmigração de almas singulares).Por outro lado, vejo no budismo uma inclinação ao niilismo. No entanto, como ressalta Goenka, o que importa é a prática da meditação -e a técnica que ele nos ensina está isenta de vocalizações, visualizações, mentalizações ou qualquer outro traço que pudesse associar a técnica a uma religião formal. Então procuro deixar de lado o que me pareça crítico e me fixo no que me é positivo. Creio tb que quant mais se medita, mais claras se tornam certas questões.Não conheço Jung e quando digo que sem Nietzsche não haveria Freud, falo por conta da idéia de q todo pensamento é sintoma.O ressentimento é talvez o equivalente ao sankara: é a mágoa que irá dar forma às experiências semelhantes futuras – neurose, enfim, acho q se pode dizer.

  5. Creio que Jung esteja mais para Nietzsche do que Freud, rsrs. E que Freud esteja mais para Newton, Isaac. Assim como Einstein esteja para Nietzsche também, rs. O budismo representava para Einstein o que havia de mais próximo do que ele pensava e sentia de “Deus” – palavras dele.E eu vejo que a matriz de que vc fala tenha como matriz o sentimento, esse precede o re-sentimento. Aí sim, penso que seja possível um sentimento puro, descontaminado, assim como um pensar puro também.Sou também budista, rs. Me diga se acha que viajei errado no que você diz aqui.Forte abraço.

  6. Deixa eu ver se entendi. Meus dois neurônios, a Marilyn e a Monroe, não estão querendo colaborar. Quer dizer que Nietzsche era praticamente um budista de bigodón? 🙂

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