“Você não vale nada, mas eu gosto de você.
Tudo que eu queria era saber por quê.”
A gente nem pode dizer que sejam versos, porque é das frases mais repetidas da lingua portuguesa, uma variação do “eu te amo” que se diz muitas vezes numa história de amor. (Quantas é o tamanho da história…)
De cara a gente associa a momentos de decepção, quando a pessoa descobre que o outro andou aprontando, mas deixa pra lá, porque gosta muito, não vive sem, aquele inferno paradisíaco…
Mas há também situações menos amargas, mais irônicas, em que a pessoa amada se deixa ver em toda sua humanidade e fraqueza, e mesmo em face dessa nudez indesejada e súbita que a desarma, concluímos: “É de você que eu gosto”.
Entenda cada um como quiser, falará muito de si em sua escolha. Mas a verdade é, não importa em que sentido se interprete, se bobo ou bandido: o ritmo do forró e a voz nordestina e estridente de quem canta tornaram os versos uma clara declaração de amor incondicional, simples, clara, verdadeira, sem o menor traço de arrependimento ou autopiedade. Enfim, tudo que se espera de um bom verso e de uma pessoa honesta. “Você não vale nada mas eu gosto de você”. Um amor sem ilusão ou dúvida: conheço muito bem quem gosto. E gosto. Ponto final.
É de uma petulância realista que só rivaliza com a petulância metafísica do verso seguinte: “Tudo que eu queria era saber por quê”.
Pois é: além de incondicional, incondicionado! Não tem porquê. E haverá um por quê? Insinua-se no verso a aceitação de que não há ou, ao menos, de que não é possível saber.
É, o amor é um mistério. Calmo ou ruidoso, claro ou turvo, acolhedor ou traiçoeiro, o amor como o mar, pode ser muitos.
Tranquilo… O essencial é o conteúdo. E com relação a isso, esse seu texto me fez lembrar um professor na universidade que falava que não bastava nós criticarmos o gosto musical dos nossos alunos, e sim buscarmos algo de interessante no que eles gostam. E a partir disso levá-los aos grandes clássicos.
Parabéns pela sensibilidade e o pelonão preconceito com os diversos estilos musicais.
Canções despertam lembranças, projetam sonhos, multiplicam
nossas forças, apagam sentimentos estranhos que nos incomodam e nos trazem a alegria, que é o tempero da vida.
Variações do Eu te amo…
Incrível sua senssibilidade para ver isso.
Parabens… bjs
Obrigado, Laércio! Imperdoável e inexplicável (confesso que não é a primeira vez q acontece). Já corrigi. (MAS já fiz pior…)
“Você não vale nada mais eu gosto de você”. Em vez de o advérbio, não seria a conjunção “mas”?
Antonio,
Como sempre disse, você é maravilhoso em tuas palavras.
Adorei o ponto-de-vista do amor, analisou a letra de uma música que é considerada brega pra tantos, mas mostrou que a letra tem fundamento e não adianta tentarem rebuscar, o amor é isso aí… não tem como fugir.
Beijos!
“aquele inferno paradisíaco…” É bem assim, é tão assim que eu nem tento saber por quê. E por falar em palavras… adorei as três.