A velha conversa mole

Voltou a conversa mole do superávit primário, tão comum no período FHC e arrastado para o fundo de cena desde a chegada de Lula ao Poder. Chamam de “superávit primário” o corte, na relação de despesas do governo, do gasto em juros para a rolagem do déficit público ou dívida interna pelos bancos privados. Seria mais ou menos como o sujeito pretender eliminar do orçamento familiar os gastos com a amante.

Nenhum jornalista se deu ao trabalho de mostrar com clareza a evolução da dívida pública ao longo dos quase oito anos de governo Lula, mas não acredito que a coisa tenha mudado. O Brasil muito provavelmente continua arrecadando menos do gasta e “rola” essa diferença tomando emprestado aos bancos. Os juros cobrados por eles são a taxa Selic, uma espécie de acordo que reflete sonsamente o “grau de confiança do mercado” no governo. Como esses juros são os maiss altos do mundo, logo se vê que essa confiança é muito pequena. O Estado brasileiro, não importa quem esteja no governo, é tratado pelo mercado financeiro brasileiro como um mau pagador e um investimento de risco.

Mas, de onde vem o dinheiro que os banqueiros emprestam ao governo? Dos depósitos de quem trabalha, salvo engano. E de onde vem o dinheiro que o Estado usa para pagar os empréstimos que faz junto aos bancos? Surpresa: do dinheiro de quem trabalha, sob a forma de impostos e taxas. Ou seja, o sujeito trabalha, coloca seu dinheiro no banco. O banco, além das tarifas todas que cobra, empresta esse dinheiro ao governo a juros que são muito mais altos do que aquele que paga, quando paga, pelo dinheiro depositado. Para pagar esses juros, o Estado cobra impostos que incidem direta ou indiretamente sobre esse dinheiro depositado. Assim, na tentativa de proteger seu dinheiro, o trabalhador é tosquiado duas vezes, pelo banco e pelo Estado. E tudo isso em seu nome e para o seu bem.

Onde esse mecanismo é mais claro é na administração do Fundo de Garantia pelo BNDES.

O que me parece ainda mais espantoso é que ninguém estabeleça sequer uma relação hipotética entre a “distribuição de renda horrorosa”, de que se queixava o presidente do IBGE outro dia e esse verdadeira “máquina de concentrar renda”, que permaneceu intocada nos quase oito anos de governo petista.

Continuo outra hora…

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