Lula, o filho d…

A sério: vc pode imaginar um biografia do Lula sem cachaça? No livro “Lula, o filho do Brasil”, ainda que não ganhe destaque, esse problema é tocado sem rodeios e, se bem me lembro, é dito que a entrada de Lula na vida sindical pelas mãos do irmão teve a intenção inicial de simplesmente dar-lhe uma “motivação para a vida” e afastá-lo da bebida, depois da trágica morte da primeira mulher.

Barretão, na sua arrogância de ex-duro, acredita que existe uma entidade chamada povo, essencialmente emocional e estúpida, que ele e uns outros saberiam manipular à vontade. Não seria uma questão de talento, mas de ciência mesmo.

Acontece que a existência de fórmulas não implica necessariamente a estupidez das pessoas. Acredito que nos deixamos emocionar, numa escolha mais ou menos consciente. Mas é preciso que nos deixemos conduzir. É aí que entra o elemento imponderável do talento – na condução de atores e câmeras, na edição. E isso, a história o demonstra – basta vera filmografia da família – os Barretos não têm.

Além disso, suspeito que o filme poderá ter até um efeito inverso, se as pessoas se sentirem sendo abusadas em sua paixão por Lula. Acho que existe nessa paixão o reconhecimento e a aceitação dos “defeitos” de Lula (a bebida entre eles): Lula é um igual. A tentativa de esconder esses defeitos que o humanizam e igualam a seus eleitores pode provocar a rejeição do filme.

Suspeito que a maioria dos eleitores de Lula prefeririam que o título do filme fosse “Lula, esse filho da puta” – claro, não no sentido da ofensa à mãe, mas no sentido que usamos para indicar um sujeito cheio de malandragem, safo. Porque é esse o Lula com quem o eleitor se identifica. A tentativa de “santificar” Lula será um fracasso desastroso – porque no Brasil “ninguém é santo”.

Resumindo, minha pergunta é: será que o povo engole um Lula heróico sem cachaça e sem defeito? Logo saberemos.

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Agora, o filme em si é uma peça tão sórdida de propaganda eleitoral que eu adoraria ver organizar-se um boicote às empresas que tão generosamente o patrocinaram até a saída do filme de cartaz.

Alguém topa?

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