Do que entendi até agora, digo: a essencia da capoeira é o giro. Gira-se em torno de si mesmo e em torno do adversário. Rotação e translação, como os planetas e o sol.
A capoeira toma o movimento e o transforma em giro, digamos assim. Dota de intencionalidade o aleatório, també se pode dizer.
A parte a intencionalidade (ou em decorrência dela), o que caracteriza do giro é alimentar a si mesmo. Dado o impulso inicial, o próprio desenho do movimento, sua trajetória, trata de lhe prover a força necessária para se completar. Ele ganha o que talvez se possa chamar de força inercial.
Os planetas giram assim, em elipses, simplesmente pq é a forma mais econômica. A idéia de naturalidade e leveza q se tem da capoeira, vem daí, acredito: quanto mais perfeito o movimento, mais econômico.
Na capoeira, gira-se 180 ou 360 graus, para avançar ou recuar, para a esquerda ou a direita.
Esse o aspecto essencial da capoeira como dança.
No aspecto essencial da luta, do giro decorrem dois movimentos básicos de ataque: a rasteira e a cabeçada.
É fácil perceber como de um giro de 180 graus “nasce” uma rasteira ou uma cabeçada.
Entre o giro e o ataque, entre a dança e a luta, existe a ginga. A indefinível ginga. Eu diria, mais para seguir o modelo que desenhei até aqui, que a ginga é um um giro de 90 graus, um “falso giro” ou um “meio giro” e por isso a ginga estaria associada à finta.
Ginga, giro, rasteira e cabeçada. Isso aparentemente resume o “jogo em pé”.
Claro, há as armadas, rabos de arraia, os martelos, mas agora os estou considerando como variações do giro.
O objetivo do jogo é encaixar ataques, se colocar de modo a dar um rasteira ou cabeçada. Basicão: se colocar sempre nas costas do adversário. Ou ainda mais claro: sua perna atrás da perna do adversário.