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Tamara de Lempicka combina rigor e realismo clássico ao abstracionismo cubista para criar essas figuras ambíguas, de uma sensualidade quase fria, distante, de um sofrimento encoberto pelo êxtase.
Parte de sua obra talvez pareça um tanto kitch, datada – como se alguém as pintasse hoje para que parecessem antigas. E não dúvido que na época, ao contrário, parecessem futuristas. Catalogá-la é simples: art decó – que é como ela aparece no sempre citado aqui Século Prodigioso.
Mas, com deixa entrever o resumo biográfico publico no rodapé da página lincada acima, a complexidade de sua obra espelha uma vida agitada, rica e intensa.
Olhando agora, e refletindo um pouco sobre o que disse acima sobre o tempo em seu trabalho, arrisco dizer que ele nos captura porque está impregnado de um sentimento universal e atemporal: a nostalgia. Suas figuras, mesmo as mais sensuais, como essa Andrômeda nua e acorrentada, estão impregnadas de uma melancolia nostálgica que nos captura porque talvez não haja quem dela nao padeça em maior ou menor medida e que Camões deixou registrado nuns estranhos versos que gosto sempre de citar (e que, quando ficar ainda mais velho, talvez tatue no que me restar de pele lisa):
(…) Que dias há que na alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como e dói não sei porquê.
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