Minha vida não daria um romance. Minha vida daria um poema.
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O que me conta não são as histórias da minha vida, que nem são tantas, mas a intensidade com que vivo o ínfimo e quase invisível cotidiano meu, tão comum, nada heróico e até um pouco mais pobre – minimalista, se quiser ser moderno, zen, se pretender parecer eterno. Eu gosto de solidão e silêncio, imagine…
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Um poema ou uma crônica, podia ser minha vida.
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Acho que por isso gosto tanto da crônica como gênero.
O fato de ser “jornalística” a obriga à prosa realista. Ao mesmo tempo, ela é, por definição, poética. Como se fosse um “outro tipo de jornalismo”, sem perder esse “compromisso com a verdade”, com a realidade, a coisa da rua, do dia-a-dia, que aproxima a crônica da fotografia, do flagrante, de achar a intensidade do ínfimo, a poesia do comum – em contraste com as intenções épicas das grandes narrativas.
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E se não é a rua, é o rio que corre dentro de nós, com o perdão da falcatrua literária do trocadilho. O cronista vai do ínfimo da rua, ao íntimo de si, mas sempre intentando a clareza, o entendimento do leitor.
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Se se olha por um lado, um jornalista tem muito de cronista mesmo – sempre tive esta impressão também.
Obrigado, Gladys.
comtemlação… me escondo e observo a vida e seus personagens, como gostaria de fazer parte disto tudo.Te comteplo a muito tempo te observo, te admiro.
Minha vida prosa não seria… falo pouco… Com pouco sou mais música… tenho Verdi para verter. E Wagner na esperança.
Caramba… como você escreve bem. Para mim é como música.
A minha continua ser uma odisséia. Ítaca no horizonte e Kavafis no bolso…(ou seria o contrário???)