esboço de poema

Entrega-te à vida.
Não espera de ti nada de grandioso.
Contenta-te em não ser mesquinho.
Traze sempre o bolso cheio de esmolas
porque sempre haverá pelo caminho quem te estenda a mão.
Dá – sem pesar merecimentos: julgados e perdoados já foram todos, dizem.
Agora apenas esperamos, na solidão, o esquecimento.

Aprende a dizer sim. Mas sem medo. Ou não será sim.
Que seja assim:
“que teu sim seja e
e que teu não seja ou”.

(E não te preocupes com o fim)

4 Comentários

  1. Eu li quase nada de Cecilia Meirelles, mas viajei quatro meses com um poema dela na carteira, que recortei de uma revista às vésperar de partir. Ontem procurei esse livro e não achei. Mas como lembrava de um verso, umm só!, foi o que bastou para em segundos tê-lo aqui, completo: clique aqui para ler

    O verso na carteira era este (E o livro chama-se Cânticos):
    “Adormece o teu corpo com a música da vida.
    Encanta te.
    Esquece te.
    Tem por volúpia a dispersão.
    Não queiras ser tu.
    Quere ser a alma infinita de tudo.
    Troca o teu curto sonho humano
    Pelo sonho imortal.
    O único.
    Vence a miséria de ter medo.
    Troca te pelo Desconhecido.
    Não vês, então, que ele é maior?
    Não vês que ele não tem fim?
    Não vês que ele és tu mesmo?
    Tu que andas esquecido de ti?”

  2. Tua voz intimista que me parece sempre imersa nas questões existencias e suas razões… Na solidão… Na morte e brevidade da vida, assemelha-se muito ao muito que já li de Cecília .

    Belo poema e exploração do “eu/tu” lírico.

  3. Há anos, li um livro que se resumia no seguinte: a partir de agora, imediatamente, cessa de praticar o mal. Teu poema me fez recordar o livro.

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