O que é o mal? O mal é a dor.
O que é o poder? O poder é o abuso. As leis se fazem – e deveriam se exercer – contra o poder. Onde quer que haja abuso, há poder.
O bem é não haver dor. O prazer é um “terceiro estado”, desejavel, mas talvez nem necessário: não-dor é o que quer primordialmente o corpo. Porque viver simplesmente já é um prazer, um fim em si mesmo. Viver é auto-evidente. Vivo, logo vivo. “Eu sou eu” é um princípio lógico de identidade fundamental. Que depois se investigue “o que sou eu” é um passo natural, lógico. E esse impulso já revela que nesse eu convivem o natural e o lógico – o que significa dizer que há na natureza uma lógica. E que lógica natural salta aos olhos? A lógica dos ciclos. Das cadeias sucessivas com princípio, meio e fim.
Há dor, há medo. Medo da dor. Medo da morte. Tudo nesse mundo se sabe finito? Dizem que só o homem tem consciência da morte. Mas o homem, eu, tem consciência de tudo. Ter consciência é próprio de ser homem. Saber que acaba, saber-se finito – um indício muito forte disso é que todos se defendem, todos têm medo – da dor, da morte. Mas ter consciência é mais do que saber. Ter consciência me dá a idéia de “totalidade”, como se a partir daquele objeto de que tenh consciencia eu pudesse ver a totalidade, de alguma totalidade
(continua depois)