Estou muito impressionado com a disponibilidade do “inconsciente” falar com as ‘consciências” dispostas a ouvi-lo. O que não me parece muito próprio de um “ente irracional” ou “primário” – ao menos é essa a idéia que a vulgata da psicanálise nos passa do inconsciente.
Por outro lado, radicalmente oposto, vejam o que li logo na abertura de uma versão para o português da Filosofia Perene, do Huxley, que encontrei no Scribd: “Philosophia Perennis: a frase foi cunhada por Leibniz; mas a coisa —a metafísica que reconhece uma divina Realidade no mundo das coisas, vidas e mente; a psicologia que encontra na alma algo similar à divina Realidade, ou até idêntico a ela; a ética que põe a última finalidade do homem no conhecimento da Base imanente e transcendente de todo o ser—, a coisa é imemorial e universal.”
O que me interessa aqui é a frase em negrito – “a psicologia que encontra na alma algo similar à divina Realidade, ou até idêntico a ela” – que faz da terapia uma autêntica busca de autoconhecimento e não de cura, no sentido de adaptação ou à normalidade vigente ou à uma suposta “singularidade transgressora”.
A terapia teria então o sentido de um “conhece-te a ti mesmo” moderno – que no entanto não pode perder de vista os princípios metafísicos perenes que devem orientá-la. Seria então “moderna” no sentido de “adequada à contingência e singularidade de seu tempo” e “perene”, no sentido de subordinada a uma metafísica universal e atemporal.