alguém na noruega

Alguém na Noruega veio me visitar por conta de uma crônica de Rubem Braga que reproduzi aqui chamada “Opala” (clique para ler). Quem será? Um brasileiro que mata sua saudade do Brasil lendo Rubem Braga, como quem olhasse fotos de paisagens familiares e queridas? Um norueguês apaixonado por um Brasil real inventado pelo olhar e a fala de Rubem Braga?

Eu sempre repito uma das máximas do meu repertório, coisas que eu vaidosamente invento para parecer sublime: o Brasil é a maior unidade linguística que já existiu na história da humanidade. Nunca houve uma extensão tão vasta de terra onde só se falasse uma língua. Como chegamos a isso, não sei. Que ninguém planejou, é certo. Por força da própria língua talvez. É a língua que nos mantém unidos, mais do que qualquer outra coisa.

Um português diferente do português de Portugal. Eles lá falam para dentro como franceses. Nós aqui falamos para fora como italianos.  E poucos conseguem como Rubem Braga produzir com essa língua uma combinação de sonaridades e sentidos tão envolvente. É como se a língua se amansasse em sua presença, carta 11 do Tarot.

Talvez tenha sido isso que esse alguém tão longínquo veio saudoso procurar, não sei. Só sei que me encanta e comove ser visitado por alguém que na Noruega lembra de procurar por Rubem Braga num momento de solidão talvez, no meio de uma noite chuvosa e fria. E ser eu a leh oferecer esse presente me alegra muito.

8 Comentários

  1. Está bem. Paz!
    E depois uma crônica é só um texto. A vida é maior que um texto. Fora q cada um sabe o que faz.

  2. Olha Rose, veja bem, eu disse para você dar um puxãozinho na orelha. Não precisa chamar pra briga. Calma Rose!!!

  3. “Todo mundo” modo de dizer, Melissa. Tanta crõnica nem é crônica.
    A Crônica é um artefato, uma coisa em si, um bolo especial. É feito um brinquedo que voa, porque tem uma engenhoca tal. Crônica não é gênero menor, é lá maior ( rs) porque vai longe, partindo dum si ( mesmo).
    É atual, curta, direta, imprescindível. Poucos têm o dom, poucos. E o dono deste estabelecimento não só tem o dom como sabe fazer crônicas engraçadas ( há tiradas hilariantes, repara), líricas, trágicas, filosóficas…
    ( acho q ele acha a Crônica um gênero menor). Façam campanha p ele escrever).

  4. Todo mundo? Eu jamais me atreveria. Meu “deeneá” é muito crítico e isso eu sei que é crônico.

  5. Todo mundo crê que possa escrever crônicas, mas não pode….Uns ‘orelhudos’sabem – tá no ‘deeneá’- e não escrevem. São os sonegadores de crônicas.

  6. Boas crônicas são procuradas, no meio da noite fria, sob o vendaval. São raríssimas as boas crônicas, entre as quais a que este site publica (va).

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