Há um mistério profundíssimo na consciência. Ela se sabe parte de Deus – porque é Vida. Mas quer pensar Deus. Numa espécie de “movimento de retorno”, a parte quer retornar conscientemente ao todo e se sente impelida à impossível tarefa de, como parte pensar o todo – mais ou menos como se eu, desta sala, quisesse deduzir o edifício inteiro.
Esse movimento tão “antinatural” – e tão próprio da consciência – nos conduz às vezes a essa sensação de apartamento – essa melancolia que só talvez o amor possa aplacar. Porque ela nos mostra que a marca de Deus em mim não é o entendimento, mas a irremediável solidão que sinto, preço que devo pagar pela experiência da singularidade – e que também me exige a finitude.
A morte e a solidão é quanto me custa me sentir único, singularíssimo em minha desimportância cósmica.
Só Deus pode ser singular e infinito. Por isso Sua solidão é incomensurável, impensável e indizível. Tentar pensá-la faz chorar os peixes e essa é a origem dos oceanos.
O singular pode fazer parte do plural. Daí, Deus poder ser unico e unido -ao que criou – ao mesmo tempo.