As rugas, a inconsistência da face derretendo feito cera, eu-pedaço de cera que contém em si todas as formas possíveis, número incalculável e indefinido que o passar do tempo vai esgotando até alcançar esse estado de pureza e unidade que é a morte: já nada mais é possível, eu sou o que sou, perfeito acabamento de flor, fim.
E no entanto, ainda… a vida, eu-este corpo, uma história anônima, ínfima, desimportante, esse arrastar-se sem nunca saber bem para onde, de certo só as contas no fim do mês e a morte no fim de tudo. Fazer com que haja dinheiro até o fim, nisso se resume a meta, o sentido, o destino: não sofrer a humilhação da miséria na velhice.
“Passou tão depressa…” seria um bom epitáfio, uma nota de humor entre o mármore lúgubre do cemitério.
E, no entanto, ainda… eu tenho esperança. Não sei exatamente o que espero, mas poderia resumir tudo em uma palavra que não direi porque soaria inconsistente com este rosto de cera e a história que fiz da minha vida. E, no entanto, visto daqui, do pedestal da palavra que não direi, há uma minuciosa coerência nessa aparente ou tão clara coleção de equívocos.
Exquisito é estranho, não? Perdi foi a referência ao tango…
E o que acha dessa diagramação que faz o site parecer um livro que folheamos?
Hola Antonio!Tu Café sigue tan bueno como siempre.Leí textos nuevos, tuyos y de otros autores. Una selección exquisita, con el significado que la palabra “exquisito” tiene en español.
Siempre es un placer volver….y no “con la frente marchita”, como dice el tango 🙂
Abrazo y beso.