Os dias se esgueiram como gatos, em horas que passam iguais, sem sombras… Sucessão de domingos esquecidos de ser Domingo que se movem sem vontade, envoltos em devaneio. Úmidos, lentos e preguiçosos, os dias subitamente sucumbem em noites também iguais, sem lua ou estrelas que lhes regulem a passagem. Então é manhã de novo, e assim vamos, como gatos, os dias e eu, sozinho na janela, sonhando, distraído com as nuvens, vestido dessa chuvinha fina que é quase invisível musgo.
Não são tristes esses dias, nem um pouco… São mansos como monges meditando ou gestantes urdindo seus bebês e me convidam a ir vadiamente inventando metáforas que os definam: sonsa vaidade desses dias que me seduzem com seu silêncio cinza. Então lá vou, pavão, escrevendo como quem fala, enebriado das frases que teço com as palavras que me vêm à mão: rimam, irmãs; namoram, fingindo não. E calam de repente, nem poema, nem crônica, nem nada, como esses dias de frente fria na praia vazia…
Me avise quando escrever! Insisto: vc tem que ler Olga Orozco, no podés perdétela.
beso
Laura, lembrei de um livro, aliás de dois: O Livro dos Seres Imaginários, Borges, e o nosso amado História de Cronópios e famas, de Cortazar. Vou escrever sobre os dois para o Bibliólatras.
E =), que bom acolher sua alma confortavelmente por aqui… Mas, me diga seu nome…
E você continua com o incrível dom de fazer a minha alma sentir-se em casa ..
Vc tem um zoo inteiro aí dentro de vc! rs
Levei comigo e publiquei
Os dias, gato, gestante e monge. E eu, pavão… Que estranha zoologia me chega com essa frente fria!