2 Comentários

  1. Escrever sempre teve para mim um sentido sagrado. Num tempo dominado pelo ateísmo e pela superstição, tal sentimento sempre me foi difícil de explicar. Mas a idéia de que havia algo de mágico no ato de escrever nunca me foi estranha, ainda que até hoje me pareça embaraçosa. Essa impressão é comum entre escritores e, da parte dos leitores, é ainda mais comum falar dos efeitos dessa magia. O escritor tem a vantagem de, sendo também leitor, viver a experiência duplamente, sob as duas formas, uma servindo para confirmar a outra. Dizer que a leitura de certos livros mudou a minha vida talvez seja um exagero, mas é indiscutível que alguns são parte integrante disso que sou eu: sem certas leituras eu seria realmente outra pessoa. Escrever exerce efeito semelhante. Ao dar voz a meus sentimentos, eles ganham, além de forma e intensidade, um valor de compromisso – e isso é muito forte. Mas o aspecto mágico se manifesta mais na impressão de que às vezes ao escrever acesso um lugar ou algo muito maior do que eu – é como se ingressasse no que chamaria de Totalidade…

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