as plantas

Eu amo a silenciosa obstinação das plantas, a discreta rapidez com que elas crescem a despeito do mundo, de tudo à volta, se nutrindo essencialmente de água e luz. É a vida, vida que se desenvolve com o mundo e contra ele, o orgânico cobrindo o inorgânico, Vida sobre o Mundo, musgo sobre pedra – que será minha próxima aquisição: quero um jardim de pedra onde possa cultivar musgo – nem sei como ainda…
É a vida, a vida vegetal, a mais exterior e explicita forma de vida – porque as plantas não se escondem para se desenvolver. Depois que se erguem da terra, tudo se dá às claras. Mas sem que eu tenha olhos – ao menos não ainda – para ver: ontem de manhã, era um mínimo projeto de folha; agora é já uma folhinha, pequena, mas vigorosa e bem talhada. Fui tentando acompanhar seu crescimento, mas é tão engraçado: parece q ela cresce só nos intervalos do meu olhar, como uma moça que, mesmo íntima, sentisse pudor de se despir na minha frente. É, paradoxal, porque é rápido, mas invisível. Como no Kabuki? Essa foi ao menos a impressão que me ficou da única encenação que vi.

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