a incredulidade de são tomé

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Eu não conhecia esse quadro de Caravaggio. É belíssimo. A despeito de sua estonteante qualidade plástica – a luz, as cores, a composição – há uma densidade dramática que se pode dizer filosófica. A incredulidade de Tomé é representada por um olhar de cego que melhor do que qualquer tratado capta a essência do ceticismo: uma mera forma de cegueira. Em contraste, na figura do Cristo está exposta toda a misteriosa profundidade de sua dupla natureza ao mesmo tempo humana e divina. Ele guia a mão de Tomé na inspeção de sua chaga, mas Ele próprio parece tomado de curiosidade e angústia.

Não tive como não pensar em “A Criação de Adão”, de Michelangelo, o famoso afresco da Capela Sistina em que Deus toca com seu dedo o dedo de Adão. Ali, Deus está prestes a animar o primeiro homem de inteligência e vontade. Aqui é Cristo – ao mesmo tempo Deus e o Novo Adão – quem guia a humanidade cega pelo pecado, representada por Tomé, de volta ao conhecimento da Verdade.

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