Este é, presumo, o mais atormentado autoretrato da história da pintura.
Caravaggio empresta a Golias decapitado seu próprio rosto.
E, suspeito, dá a David as feições que tinha quando jovem recém-chegado a Roma.
E não esconde seu desprezo ao ver-se assim “dissecado”.
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“Será como um pequeno Juízo e cada um verá a si mesmo na luz da própria verdade de Deus. (…) E ficará horrorizado. “
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Certamente não terá sido por acaso que estaquei diante desse quadro e não escrevi mais nada.
Há uma obscura ânsia de reencontro e recomeço nele ou essa é uma interpretação falsa e delirante?
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