Hoje à tarde ficamos sem energia por mais de duas horas em vários bairros do Rio.
É nessas horas que a gente vê como são fiéis os livros.
Como são fiéis o papel e o lápis se temos deles um estoque adequado.
É nessas horas que percebemos o valor das frutas secas, dos grãos, das conservas e compotas.
E a importância da água correndo monótona e límpida no fundo da casa.
É nessa horas que a gente sente como é bom ter um gato, um cão, um cavalo. Uma bicicleta.
A importância de vizinhos amistosos. De uma arma. De uma musculatura eficaz. De uma oração cheia de fé.
É nessas horas que de súbito descobrirmos o quanto é inútil tudo de que hoje depende nossa vida, tudo que está literalmente por um fio – ou já nem isso.
O quanto é inútil tudo que não dependa exclusivamente de nossa força – muscular e espiritual.
É nessas horas em que o véu cai subitamente que as trevas se desvelam evidentes.
Encarcerados em nossas celas empilhadas aguardamos que nosso Senhor invisível – que não é Deus – e que detém a luz que escolhemos possuir nos restitua nossa vida, nosso cotidiano de ilusões.
É nessas horas, quando não nos resta senão ler, escrever e conversar –
quando nada nos resta senão livros reais, papel e lápis reais, pessoas reais –
é nessa hora que nos damos conta da nossa solidão.
Há quem tenha livros, papel e lápis, bons vizinhos, amigos e amores.
Sua solidão não é vazia.
Há desses, certamente.
É nessas horas que temos certeza da verdadeira medida da vida.
A medida da vida é amor. O amor que conserva livros e cultiva vizinhos, amigos e amores.
O amor – é nessas horas que nos damos conta da sua falta.
Um amor cultivado é sempre presente e real, como os livros, os lápis, e as pessoas. <3
Obrigado!
Adorei, Antonio. Tenho pensado tanto sobre estas questões que você escreveu.. Obrigada por mais uma vez colocar em palavras os meus sentimentos!
Dê uma olhada neste link: http://www.youtube.com/watch?v=7ae0tzVo8Fw
Excelente reflexão de como estamos nos desconectando da Vida Real.
Adorei, Antonio. Tenho pensado tanto sobre estas questões que você escreveu.. Obrigada por mais uma vez colocar em palavras os meus sentimentos!
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Excelente reflexão de como estamos nos desconectando da Vida Real.