Há a carne.
Mas no o início é a voz.
E, antes ainda, letras
flutuando no silêncio
a semear na memória
novas formas e lembranças.
Então a voz se faz cor,
ainda insubstancial
variedade de tons,
análogos e contrastantes,
que ao se adensar,
reinventam os olhos
que de ouvi-la, a imaginam,
alma antes da carne.
Pois há a carne.
E ela virá,
longo presente,
novelo de histórias,
deslumbrante no silêncio,
encantadora nas palavras.
A carne:
tátil imagem da eternidade,
riso de criança,
altivez de estátua,
montanha e relva,
úmida sombra
onde o errante pensa
encontrar repouso.