A lichia

Me perguntam da lichia…

Está parecendo uma cheer leader animadíssima. Pelas mãos de Paloma, ela ganhou vigor e exuberância. As folhas cresceram, verdes e brilhantes. “Pelas mãos da Paloma..” É engraçado reparar como tudo que é vivo contamina de vida o que está ao redor, num diálogo de intensidades e gestos.

A mulher e suas plantas…

Falamos tanto do ser, do Ser e esquecemos que o ser é a vida.

Reduzimos a vida à existência, a um mero epifenômeno de uma essência quase inapreensível, senão de modo fugaz e esquemático. Fazemos da existência a escada para a essência e, quando a atingimos, jogamos fora a escada. E nos agarramos a um fantasma. De que nos servem as essências? Você o demonstra em gestos simples e carinhosos em seu diálogo amoroso com suas plantas. Por suas mãos, Paloma… Parece que estamos destinados ao amor.

Em contraponto, eu aqui, no meu escritório, cercado de máquinas, posso então vislumbrar como essa perda se dá, se deu. Pois, como falar de vida se me falta vida ao redor? Doce ilusão de que eu possa ser “em si” alguma coisa, que eu possa falar da vida “desde fora”. Cercado de máquinas, me mecanizo.

Me salvam os livros, essa estranha forma de vida…

(Ainda que irresistivelmente eu nutra por este meu computador uma espécie de carinho. Porque ele é tantas coisas: minha máquina de escrever, minha caixa de música, meu album de retratos, minha enciclopédia, meu telefone, meu correio… Sim, parece mesmo que estamos condenados ao amor…)

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