A primeira chuva

Chove com a tímida delicadeza de um céu desacostumado a chover depois da longa estiagem de um verão cruel. O úmido silêncio da madrugada me impregna de uma alegria sem esperança, uma espécie de tristeza que não dói porque está enraizada em Deus – vivo e verdadeiro. Somos tão sozinhos os dois que juntos nos bastamos. E assim tudo se torna fácil – apesar de.

Claro, minha solidão não é a do Pai antes da Criação, nem a do Filho no jardim das Oliveiras, mas a solidão do pecador que crê, e assim, nem bem pecador é, e nem crente. Sei que, por indeciso, perco o mundo sem por isso merecer  a eternidade, salvo se Deus vier a derramar sobre mim sua misericórdia.

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