A fórmula da infelicidade

Descobri a fórmula da infelicidade. Pensei até em patenteá-la mas resolvi deixá-la em domínio público. É uma fórmula tão simples que não haveria mérito em torna-la minha. E afinal a humanidade merece ser dona de sua própria infelicidade. Não quero que manhã ou depois alguém venha a se queixar de não saber porque é infeliz e ainda por cima me culpe por sua desgraça. Sabemos como é comum a gente atribuir a outros a causa de nossa infelicidade sempre insolúvel. Porque infelicidade boa é alheia e sem solução. “A solução? Soluçar!”
Poupem as lágrimas: não só tornarei pública a fórmula da infelicidade como demonstrarei que ela é fácil de fazer. Com isso espero tornar a infelicidade um bem ao alcance de qualquer um, rico ou pobre; preto, branco, amarelo, vermelho ou azul; jovem ou velho. Afinal, nunca é tarde para ser infeliz. Além disso, em sua simplicidade revelada, a infelicidade poderá ser agora múltipla e variada: as pessoas poderão trocar de infelicidade como quem troca de canal ou celular. Teremos infelicidades matutinas, vespertinas e noturnas. Infelicidades primaveris, invernais, outonais e estivais. Fácil, fácil…
Ser infeliz se tornará uma coisa tão banal que em pouco tempo ninguém mais achará graça nenhuma em ser infeliz. Acredito que o primeiro grande efeito será sobre o mercado musical: as músicas não terão mais letras. Não se perderá muito… Em compensação, a infelicidade vai acabar virando piada. Será quase ridículo ser infeliz. Vulgar até.
Mas, desculpem, tenho a impressão de estar sendo prolixo, rebarbativo, tergiversante, estendendo além da conta uma expectativa que já deveria ter sido saciada logo na primeira linha para fazer jus à propalada simplicidade da fórmula. Enfim, a fórmula da infelicidade é não olhar o fato, mas a falta. Não é simples, fácil de guardar e reproduzir em casa e no trabalho? Então, leitor, não perca tempo! Vá logo e seja infeliz farta e abundantemente, contando em minúcia tudo o que lhe falta…

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