4 de fevereiro de 2002
Roseana Collor

Descobri o que o Albieri foi fazer no Maranhão... Na verdade, a Roseana é um clone do Collor! Legítima representante das oligarquias nordestinas responsáveis pelo atraso secular da região, Roseana é o Collor de saias, cópia forjada nos mesmos laboratórios de pesquisa e marketing que antes haviam parido o original. Eles conseguiram isolar os gens da picaretagem e do oportunismo, a partir de uma intensa pesquisa da fauna política brasileira.

Aliás, em tempos de turismo ecológico em alta, é espantoso que nenhuma agência de viagens tenha ainda atinado para o potencial turístico do Congresso Nacional! Aquilo é uma verdadeira reserva ecológica que deveria já ter sido tombada.

É bem verdade, que os mais eminentes membros dessa variadíssima fauna têm se esforçado para garantir a preservação das espécies mais raras, mantendo filhos, netos e parentes no poder em linha sucessória direta: sai um, entra outro. A própria Roseana é um exemplo desse esforço preservacionista e tem sido notável o desempenho de seu irmão, José Sarney Filho, à frente do Ministério do Meio Ambiente, em defesa de nossa fauna política, ameaçada pelo progresso e pela modernidade

Já se fala, por exemplo, em senadores vitalícios e ainda está firme na memória de todos os sacrifícios pessoais de FHC para rasgar a Constituição e garantir a sua reeleição, há cinco anos. Foi certamente um dos grandes momentos do darwinismo político, uma prova da força genética dessa nossa fauna que agora se manifesta em todo o seu esplendor na aparição do clone Roseana Collor.

Como disse, ela é nosso produto genético de última geração, criada a partir do isolamento em laboratório dos gens do oportunismo e da picaretagem. Perto dela, o Collor não passa de uma ovelha Dolly, de um Leo prematuro e extemporâneo. Claro, ela não se fez sozinha: foi necessário um esforço conjunto de toda a sociedade para se chegar a este ponto.

Da parte do poder público, tem sido notável o empenho da Justiça Eleitoral em fingir que não vê que toda a campanha eleitoral explícita de Roseana é um aproveitamento ilegal do espaço político que a legislação reserva aos partidos de tempos em tempos. A bem dizer, a campanha presidencial só poderia começar em abril ou junho, nem sei bem. Mas pouco importa, o que vale é iniciativa da Justiça em permanecer cega, como preconiza o ditado.

Os empresários, sempre de olho nos avanços da modernidade que possam retardar o progresso e ajudar o povo a permanecer na ignorância e no atraso, não tem medido esforços, apesar de preferirem ainda se manter no anonimato, como convém às almas puras e desinteressadas. Digo ainda porque agora em fevereiro, um grupo deles irá lançar um "movimento suprapartidário" que, de novo burlando flagrantemente a lei, promete inundar o país de propaganda pró-Roseana antes do prazo legal.

Mas, não se engane, leitor... É justamente assim que o nosso clone revela toda a sua força genética. Jamais os gens da picaretagem e do oportunismo de nossa fauna política teriam chegado a tamanho grau de pureza se tivessem se dobrado aos artificialismos morais da sociedade. Roseana Collor é uma força da natureza que só conhece uma lei, a lei do mais forte! E, afinal, que graça teria o poder se estivesse submetido a outra lei?

Fatos? Segundo dados do jornalista Mauro Chaves, publicados no Estadão e que têm circulado pelas caixas de correio da Internet, o Maranhão dos Sarney é não só o estado mais pobre, mas o que mais empobreceu nos últimos anos, notadamente nas duas administrações de Roseana. Um marco histórico!

Cito: "Segundo o IBGE, o número de famílias que vive com até meio salário mínimo cresceu 37%, enquanto, no resto do Brasil, a média caiu 22% (...) a mortalidade infantil cresceu assim como a evasão escolar, o índice de desenvolvimento humano (da ONU) do Maranhão está no mesmo patamar de Congo, lembrando que 39,8% das casas maranhenses não tem sequer uma privada."

Pois nos próximos meses o eleitor verá não só o professor Albieri passeando por um Maranhão idílico, a Terra Encantada que Joãozinho Trinta desfilará na avenida sob o patrocínio de bicheiros, mas também uma campanha publicitária ilegal onde o clone Roseana Collor será mostrado como um santo milagreiro, um Dom Sebastião de saias.

Os fatos? Bom, quem quer saber deles? Nesta hora, fala mais alto o patrimônio genético, os gens do oportunismo e da picaretagem. Nesse sentido, temos muito mais a ensinar ao mundo do que supõe a vã filosofia que o Albieri fica remoendo em off. Que Alá nos proteja!