Os EUA já tiveram um presidente, Gerald Ford, de quem se dizia que era incapaz de andar e mascar chicletes ao mesmo tempo. Ninguém poderia imaginar que chegariam a ter outro que fosse incapaz de assistir televisão e comer uma rosquinha ao mesmo tempo! A esta altura, já devem ter bombardeado a fábrica de biscoitos e enviado todos os executivos para a base de Guantánamo, em Cuba, onde estão presos os principais prisioneiros capturados no Afeganistão. Lá, os executivos serão recebidos como heróis pelos talibãs presos. Será uma aliança semelhante aquela promovida pelos ditadores brasileiros quando resolveram juntar, no antigo presídio da Ilha Grande, guerrilheiros de esquerda e criminosos da pesada. Deixaram-nos sua herança mais duradoura, o Comando Vermelho, matriz de todas as organizações que hoje dominam o cenário do crime no Brasil.
Aliás, o que será
que as autoridades americanas pretendem ao enviar os talibãs
para Cuba? Eu, desconfiado do jeito que sou, não duvido
que qualquer dia desses haja uma "rebelião"
talibã em Guantánamo e eles acabem "fugindo"
para Havana, o que daria um belo pretexto para as Forças
Armadas americanas invadirem a ilha.
No final, militares, talibãs e executivos acabarão
transformando a ilha de Fidel num parque temático terrorista.
A verdade é que, se o próprio Bush, já anda se engasgando com o que vê na TV, imagine nós, simples mortais à mercê da estranha Pax Americana. Depois de espalhar a guerra no Oriente Médio, Afeganistão e Cachemira, "eles" (e quando digo "eles" me refiro aos desconhecidos Senhores da Guerra que financiam Bush e seus aliados) agora voltam sua atenção para nós, latino-americanos: a chapa já está esquentando na Colômbia e, do jeito que vai, tenho certeza que sobrará para o Brasil. É difícil estabelecer com precisão as fronteiras entre a Amazônia colombiana e a brasileira e uma intervenção americana naquela região pode acabar tomando proporções "inesperadas", com marines ocupando tudo, por via das dúvidas... Afinal, a "diplomacia" dos EUA não parece muito afeita a sutilezas.
Pode-se dizer que é paranóia minha, que não existe nehuma relação entre os fatos, mas desde setembro de 2000, quando Ariel Sharon resolveu "visitar" a Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, desencadeando a segunda intifada e enterrando de vez as complicadas negociações de paz entre israelenses e palestinos, eu vinha dizendo que o tempo iria esquentar em todas as regiões de tensão do Terceiro Mundo, nomeadamente, Afeganistão, Cachemira e Colômbia. Não deu outra.
Não quero com isso dizer que sou profeta - até porque não quero acabar em Guantánamo também! - mas estava na cara. Não é mistério para ninguém as relações íntimas de Bush com as indústrias petrolíferas e armamentistas, nem tampouco sua identidade ideológica com o que se poderia chamar de neofascismo. Basta lembrar a avidez com que se lançou contra os Direitos Civis na América, a pretexto de combater o terrorismo. E, convenhamos, a guerra é um excelente negócio. Ganha-se dinheiro vendendo armas para destruir e depois vendendo crédito para reconstrução. Mais: promove-se uma enorme concentração de dinheiro. Basta pensar o seguinte: quantos computadores de mil dólares se podem produzir com o custo de um único avião? Como dinheiro não é elástico nem cai do céu, não é preciso ser economista para perceber o enorme desvio de capital que se promove quando se empurra um país para uma "economia de guerra".
A "visita" de Sharon foi, na verdade, o marco inicial dessa escalada militar planetária promovida pelo governo Bush. O atentado de 11 de setembro, exatamente um ano depois, foi o clímax que justificou o desencadeamento da escalada que ninguém sabe mais onde exatamente vai dar.
Não quero insinuar que bin Laden e os fundamentalistas islâmicos nada tenham a ver com o atentado de 11 de setembro. Acho mesmo certo que a mão-de-obra tenha sido árabe. Mas a inteligência... Bom, o que não falta nos vídeoclubes são filmes americanos com histórias de grupos corruptos tomando secretamente o poder nos EUA e passando a manipular a fantástica máquina industrial, financeira e militar americana segundo seus interesses, à revelia da nação e contra suas próprias leis. Por outro lado, o envolvimento do grupo de Bush no escândalo da Enron não é ficção..
Os EUA, em termos políticos, são o melhor produto em três mil anos de cultura ocidental. Seus Direitos Civis deveriam ser tombados como patrimônio da humanidade. Por isso, quando vejo Bush com aquela cara assustada de mico de realejo se engasgar com um biscoito, acho tudo isso duro de engolir.