31 de março de 2003
Mário Prata e a envelhescência

Outro dia, me mandaram por e-mail uma crônica do Mário Prata que é o máximo. Nela, Mário defende a tese de que, da mesma forma que a adolescência precede a maturidade, existe a envelhescência, fase que precede a velhice. Nesse caso, a vida humana conheceria cinco, e não quatro, períodos: infância, adolescência, maturidade, envelhescência e velhice.

Como são fases preparatórias, digamos assim, adolescência e envelhescência guardam semelhanças empiricamente verificáveis que atestam sua existência real, ainda que não reconhecida pela medicina e a psicologia.

Mário dá uma lista hilária de comportamentos mais ou menos comuns a adolescentes e envelhescentes. Por exemplo: "Assim como os adolescentes, os envelhescentes também gostam de meninas de 20 anos."

Outra: "Os adolescentes não têm idéia do que vai acontecer com eles daqui a 20 anos. Os envelhescentes evitam pensar nisso." Só mais uma, porque não quero abusar do texto alheio: "Ninguém entende os adolescentes ... Ninguém entende os envelhescentes... Ambos são irritadiços, enervam-se com pouco. Acham que já sabem de tudo e não querem palpites nas suas vidas." E por aí vai, numa seqüência que o leitor pode conferir em toda a sua graça no site Releituras (www.releituras.com), do meu amigo virtual Arnaldo Nogueira Jr. Vale a pena.

Como a envelhescência começa aos 45 anos e se estende até aos 65, me descobri um pré-envelhescente terminal: mês que vem faço 45 anos. Mas já há algum tempo vinha sentindo os primeiros sinais da envelhescência sem, no entanto, me dar conta do que se tratava. Agora estou mais tranqüilo. Não é tara, mania ou doença - é só a envelhescência chegando. Achei ótimo. A maturidade é um troço muito chato. É bom saber que está acabando. Ou melhor, alcançando uma fase em que os óculos e os cabelos grisalhos me trarão uma impunidade respeitável que tornará todos os crimes afiançáveis.

A descoberta do Mário, enfim, resolveu um problema seríssimo. O menino está louco para se tornar adolescente; o adolescente não vê a hora de se tornar adulto. Só o adulto foge da velhice como o diabo da cruz. Ou melhor, fugia. Para as mulheres então, a envelhescência é um achado. Acabou aquele papo de menopausa, de "Ah! Estou ficando velha...". Nada! É só a chegada do que, pelo visto, pode ser a melhor fase da vida, aquela em que se pode aplicar sem medo ou culpa um sonoro "E daí?" para cada falso problema que surge.

Mário Prata tornou a vida mais fácil. E bem mereceria um título de doutor honoris causa. Ou vários. Valeu, Mário! Os eternos envelhescentes lhe agradecem.