Vinha caminhando na estação do metrô reparando nas placas de mármore do chão. Não há uma igual a outra! “São como ideogramas”, foi a primeira coisa que pensei. Cada placa é como que um universo à parte, um “infinito fechado” – conceito que uso com sentido pessoal um tanto vago e literal, muito próximo da idéia que intuo no conceito de “sem fundo” de Jacob Boheme.
Uma mente mais “iluminista” (subcartesiana, eu diria) veria nisso desordem. Ou seja: onde eu vejo singularidade, ela veria desordem.
Em contraste, os degraus da escada rolante, todos rigorosamente iguais em aparência, seriam a típica representação de ordem. Ou seja: onde essa outra mente veria ordem, eu vejo apenas repetição.
No entanto, não me iludo: a “repetição” é apenas um desenvolvimento da lei natural da inércia ou leia do menor esforço. Cada ser singular e finito quer apenas uma coisa (exatamente porque é singular e finito) : durar o máximo possível. Para isso é preciso criar uma “economia” baseada no princípio simples: “o máximo rendimento com o mínimo de esforço”.
Nesse sentido, portanto, a indústria é perfeitamente natural. Aliás, repete fielmente o modelo platônico do mundo das idéias que servem literamente de fôrma para todos os objetos mundanos. Todos os cavalos reais são simulacros (ou repetições) de uma idéia ideal de cavalo.
cada post sendo uma placa de mármore, um blog então seria exemplo de singularidade? ótimo post!
Tão clara essa explicação. Quando puder escreva mais, desenvolva este post. Aprendi com ele.Obrigada