Acho tola a interpretação que faz de Bush um mero esbirro da indústria do petróleo, defendida, por exemplo, pelo Ricardo Noblat.
Imaginar a complexíssima política externa da maior economia do mundo subordinada aos interesses exclusivos de uma indústria específica é coisa de nativos.
Só pra ser uma idéia, o PIB americano gira em torno de 13 trilhões de dólares, maior que a soma dos PIBs de Japão, Alemanha, China e Inglaterra.
Por outro lado, crer que essa mesma indústria poderosíssima não tem meios e recursos para sobreviver a uma “virada energética” que deve se estender por ao menos duas décadas também não parece razoável.
Na verdade, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é: o ônus de ser a maior economia do mundo não é pequeno. Do comércio com os EUA dependem direta ou indiretamente o resto do planeta, de Bin Laden e Chavez à China e Índia, passando por países tão díspares quanto México, Canadá, Iraque, Arabia Saudita e Israel. Mesmo a maior parte dos movimentos e pessoas que se opõem ao “império americano” vivem nos EUA e dependem dos finaciamentos das fundações e universidades americanas!
Eu acredito que o “projeto etanol” é o plano B americano. O plano A – que seria implantar uma democracia no Iraque e inundar o mercado de petróleo barato – não deu certo. Para azar exatamente dos nativos que gritam “Fora, Bush!” por aí.
O Plano B nos custará, para nós nativos, mais caro.
Mas é sobretudo o que os EUA mais precisavam no momento: uma causa.
1) Unifica o país em torno do “combate ao aquecimento global”.
2) Retoca a imagem dos americanos no mundo.
3) Mantém o país na vanguarda tenológica.
4) Esvazia politica e economicamente os “inimigos” mais imediatos dos EUA: Rússia, Irã e Venezuela.