O vento assovia em minha janela. Por que assovia assim o vento, em certas horas e lugares? Que artes traça o ar, em que curvas rodopia para soar assim, tão humano? Tao algo que é, como tudo mais, misterioso, assustador, dolente? Que tão humano é o mundo ou mundano o homem a ponto de eu não saber onde um acaba e começa o outro a não ser quando me afligem dores tão humanas e nada mundanas? Pois, onde no mundo há o amor senão no coração dos homens? E quem senão o homem neste mundo goza e sofre de amor?

Sei que o joão de barrro elege seu par e com ele vive até a morte. Na viuvez, morrerá de saudade ou esse amor eterno é algo que só no homem perdura, efeito da memoria dilatada que chamamos consciencia?

O uivo do vento lá fora soa como lamento. Que ao ar lhe doa fazer-se vento, a mim não surpreende: queria-me ar, mais do que vento.

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