Há uma relação que se pode também chamar de lógica entre solidão e liberdade. Do tipo “se x então y”, uma correlação mais ou menos evidente. Claro, vc pode estar sozinho e não se sentir livre ou, apesar de toda a liberdade, se sentir só. Mas a liberdade supõe um cerne singularíssimo, aquilo que vc atribui a si mesmo e que o distingue de todos os outros, vivos, mortos e por nascer.
É a esse cerne que chamo de solidão, minha solidão, aquilo de incomunicável de tão seu, que se mostra mas não se diz, como diria Wittgenstein, para quem a linguagem se dá entre o contra-senso e o silêncio. Entre o absurdo e o silêncio. Shakespeare talvez disesse “loucura” em vez de “absurdo”, não sei. Mas dá no mesmo.
Nada é mais livre do que Deus, nada é mais só do que Ele.