Uns falam em recuperação da crise. Outros que não há recuperação nenhuma. Eu provocativamente pergunto: e se não houver crise alguma? E se o que vemos for uma manobra militar-financeira, um ataque especulativo ao dólar, um dos muitos movimentos de um realinhamento geopolítico de proporções maiores? Uma redivisão do mundo, enfim.
Acredito que Obama foi eleito ou representa uma agenda americana que inclui sair da Europa acreditando na inclusão da Rússia na união européia. Como reordenar isso, essa convivência de russos, eslavos germânicos e latinos sempre tumultuadíssima sem a mediação pacificadora e, portanto tutelar da America? A Rússia hoje é uma ditadura a quilômetros luz do padrão europeu de democracia. E tem um exercito capaz de chegar a Portugal em quantos dias? Isso é complicado e difícil de resolver. Vc olha a Rússia no mapa e entende tudo: a Rússia imensa não tem uma saída para o oceano. A Rússia são as estepes buscando o mar. Enfim, seriam esses caras capazes de se juntar fraternamente? Eu acho que não, que haverá ainda duas Europas, uma latina e outra germano-eslava.
E o que isso tem a ver com Obama?
Obama literalmente encarna aquele que não tem laços com a Europa, aquele capaz de desvincular a América da Europa em definitivo, deixando que russos alemães e franceses se resolvam, com a ajuda de Espanha e Itália e a animada torcida de todo o resto. Essa Europa, que se estende pelo norte da áfrica até o Paquistão (e e mesmo ali de certo modo penetra pela via do islã), está ainda separada segundo critérios da guerra fria, entre ocidentais e “orientais”, entre cristãos e muçulmanos.
A America é o fiel da balança disso, ao garantir a sobrevivência da Europa ocidental em face do poder militar russo, muito superior.
Em compensação a America quer ser algo que começa na Inglaterra e termina no Japão e domina amplamente os mares. México e Canadá fazem parte do negócio, assim como Austrália e Nova Zelândia. Também não seria de estranhar que os nórdicos quisessem entrar nessa banda. Eu acredito piamente que USA, UK, Japão, Rússia e Alemanha, México e Canadá igualmente, topariam. Quem resiste? A frança e o que a gente poderia chamar de mundo latino. De certo modo é a frança que “impede” q a Europa comece em Vladivostok e termine em Lisboa. Em jogo o sempre cobiçado atlântico sul.
A China é a China. Deve ser deixada em paz. O quanto possível. Eu duvido muito desses modelos que pintam a China como uma pretendente a império mundial. A China já é um imenso problema para si mesma.
Se Índia e Paquistão conseguissem um acordo mínimo para reconstruir a Grande Índia original, estaria o mundo redividido em Estados Unidos, Eurásia (união européia mais a Rússia), China, Grande Índia.
A alternativa a Eurásia seria a criação de uma União Latina, liderada por França e Brasil, unindo Itália, Espanha, Portugal e toda a América do Sul.
De qualquer modo, não deve haver espaço para mais de três moedas: euro, dólar e a moeda chinesa.
Eu vejo a África dividida ainda em áfrica do norte, áfrica ocidental e áfrica oriental. A áfrica do norte é européia, a áfrica ocidental é atlântica e latina. A áfrica oriental é índica, com influencia cada vez mais indiana e chinesa. É da áfrica que sairá a comida do mundo, claro
O futuro é africano. Claro. Se as lamparinas do apocalipse se apagarem. É impressionante. O culto à catástrofe é sistemático, continuo. Um horror. Ecológico, político, econômica, religiosa, escatológico. Há um apocalipse para cada tipo de cabelo. Dos agrotóxicos ao aquecimento global, da profecia maia e chegando aos aiatolás com bomba atômica. Se por um lado, o mundo nunca foi melhor, nem o futuro mais promissor – isso visto sob o ponto de vista do desenvolvimento tecnológico, barateamento dos produtos, relativa distensão militar (mesmo depois do 11/9), ampliação universal do crédito (ainda apesar da dita crise). China e Índia emergiram das trevas da miséria, da ignorância e mesmo da loucura, a Alemanha se unificou, a união soviética se desmantelou.
É natural que haja um rearranjo. A despeito da deflação do prestigio de Obama, que está sendo desinflado, como se cortassem o oxigênio dos americanos de repente, o q certamente conduzirá os EUA a uma crise institucional, Obama “é o cara” para tirar os EUA da Europa
Eu vejo tudo no contexto de um “realinhamento geopolítico”: os EUA estão “saindo” da Europa e largando a América do Sul à própria sorte, desde que não lhe atrapalhem o acesso ao atlântico sul.
Os EUA serão alguma coisa que começa na Inglaterra e acaba no Japão e inclui Canadá e México, Austrália e nova Zelândia.
O problema da Europa – ou da OTAN – se resolve no Oriente Médio. E tem dois nomes: petróleo e Israel. Os EUA são o único aliado de peso de Israel e abandoná-lo seria condenar o país à destruição. A dependência excessiva de petróleo da economia americana tentará ser contornada, mas seria preciso mais do que um compromisso russo com a sobrevivência de Israel para tranqüilizar americanos e judeus.