É interessante imaginar um inconsciente que não é aquele “irracionalismo instintivo” de Freud (ou assim me parece), mas uma espécie de memória total – desde os fatos passados á possibilidade dos fatos futuros – que não se pode submeter á linguagem sucessiva porque simultâneo a si mesmo mesmo sempre e por isso se comunica precariamente com a consciência – que seria o presente, a atualização de uma possibilidade entre tantas (sempre em busca de continuidade e avesso a rupturas ?) – através dos sonhos e do corpo – pela dor.
Acho que foi em Borges que li que o esquecimento é o perdão genuíno. Eu li que a memória e a imaginação se processam na mesma região do cérebro. Ou seja: quem devide se vc está lembrando ou imaginando é você.
acho que é o inconsciente que nos imagina… e nós somos uma possibilidade, entre tantas.
mas me deu vertigem o “simultâneo a si mesmo”, confesso.
E sabe o que me apaixona na memória? Fui estudar isso e descobri que ela inclui o esquecimento. Não há memória sem a possibilidade de esquecer. mas o que se guarda tem a ver com marcas sensoriais e afetivas — é isso que determina o registro e seu resgate.
Beijo. Você sempre me faz pensar e não-pensar tb.