Camadas de verdade, mais e mais verdade (uma verdade que se depura até alcançar um monismo indizível) – em vez da oposição entre aparência e verdade oculta. Sempre é verdade.
Por isso, a palavra é tão importante: é ela que descreve as verdades vistas. É ela que comunica e registra. A precisão dessas descrições é que vai determinar sua validade. Há critérios para medir isso. Regras, regras estéticas: economia, clareza, sonoridade, analogia. Por isso há narradores melhores do que outros. Porque há olhares mais brutos e olhares mais refinados.
É nessa hora que Descartes e Nietszche se encontram – para horror dos modernos.
A idéia de graus de verdade é Descartes – e Nietszche afirma que para se entender uma filosofia, é preciso observar a fisiologia (a fisiologia!) do filósofo. Para ambos, a verdade é um abismo. Porque, para ambos, o limite está na pessoa e não na coisa.
(Cada coisa é um abismo de verdade e cada pessoa um abismo de liberdade? Ou será o vício dualista mais uma vez?)