Já o nome é encantador: Bromélia. Parece princesa de alguma ópera de Mozart ou Wagner. E se é vermelha cor de sangue ainda mais apaixonante se torna, cercada por umas folhas longas e estreitas que se atiram atrevidas para fora do vaso como que a proteger sua princesa da curiosidade de estranhos.
Quando a olho de cima, ela parece um coração que se abre, Sagrado Coração de Jesus já purgado de toda a dor. E assim, posta sozinha sobre o mármore branco da mesa, ela domina o espaço ao redor, seja pela forma, seja pelo poderoso contraste de cores. A combinação casual de elementos primordiais infunde mais vigor à cena: a planta, a pedra mármore, o ferro da mesa, a madeira das cadeiras. E encimando tudo, a foto em preto e branco de uma velha grega à porta de sua casa caiada em que de fronte se adivinha o azul profundo do mítico Mediterrâneo.
Acabo de trazer também duas orquídeas que secretamente engendram suas flores anuais. Para quando? Não sei… Vê-las gestá-las, tentar senti-las, cuidar delas com a calma precisão de um médico será um prazer e um aprendizado – de botânica e soteriologia.
Têm me encantado as plantas em seu silêncio e sua falsa imobilidade tão discreta. A vida transcorre nelas, pertinaz e quase invisível. Como em tudo mais – elas ensinam.
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