da oculta santidade

O mendigo distribuiu pela mureta da praça uma porção de bugigangas e espalhou entre elas petálas de rosas vermelhas. Tamanha delicadeza contrastava com a sujeira do seu corpo, a expressão desencorajadora e a aparente inutilidade dos objetos expostos. As pétalas eram como um toque sutil de magia que dava aos objetos uma cor e uma força inesperadas, um sentido misterioso que parecia atrair os próprios raios do Sol. Sim, porque nada ali parecia casual, fruto da insânia ou do descaso. Não, descaso e insânia havia ao redor, menos ali, naquela exígua mureta convertida em exposição silenciosa de nossa oculta santidade.

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