Fé, amor e esperança

Fé, amor e esperança é o que deve crescer em nós para que a alma prevaleça.

A fé nem é tão dificil. Começa no simples encantamento com a Criação à nossa volta. Impossível não pensar em Deus em face da beleza imensa de tudo ao redor. Por isso até se compreende que alguém que da janela só veja gente e tijolos tenha dificuldade em ter fé. É triste, mas se entende. A fé exige de inicío essa contemplação da vida em suas minúcias: a obstinação silenciosa das plantas; a alegria dos bichos de ser quem são, sem vacilação ou inveja; os mistérios dos ventos, das nuvens e da noite; e por aí vai, numa lista sem fim…

Para ter fé é preciso estar em meio à Criação – e às vezes basta um vasinho, um gato, um mergulho no mar…

Do amor, que é o verdadeiro nome do que chamam caridade, ninguém escapa. Estamos condenados ao amor. Amamos o tempo todo até o último instante e é a qualidade do amor que praticamos que dá a medida de quem somos.

Tudo é amor – até o ódio, sua forma mais degradada pelo abuso, pelo abandono, pelo desprezo – pelo poder. Porque o avesso do amor é o poder, a vontade de poder. É o poder que produz o ódio.

A contemplação que faz a fé, a ela se junta para fazer o amor. Não há amor sem fé e sem contemplação. Pois o que é o amor senão simplesmente atenção? A atenção desinteressada, gratuita e encantada que dedicamos às pessoas e às coisas. Livre, sem intenção, o amor é o avesso do poder, que sempre só quer aprisionar e extrair.

O mais dificil mesmo é a esperança.

A fé é graça, intuição que se acende de repente; o amor é ato puro firmemente atado ao presente que é o corpo. Mas a esperança, onde se agarra? No Deus da minha fé? No amor que tenho? Sim, mas para isso é preciso que eu acredite que eu mereço a graça que Deus me dá e o amor do amor que tenho.

E como isso me vem? E, sobretudo, por que às vezes me falta? Não sei…

Por isso é mais difícil a esperança.