Dia claro e a Lua ainda alta,
como se a manhã, usurpada, agora fosse sua –
calma soberana muito branca e luminosa.
E o Sol, contente em adiar-se,
espalha uma luz ainda mais rubra sobre o mundo
como se consentisse com tamanha petulância.
Sabem os dois que à Lua pertence
o veludo salpicado de brilhantes onde repousa.
E o Sol faz labutar toda a Terra sob o ritmo árduo do Céu
que reflete o Mar, servo da Lua e seus humores.
Mas hoje, só por hoje, concedem-se esse longo instante
A que, por direito, têm todos os amantes
De esquecer-se
Sendo um só
E cada um
o outro.