Senti que pela primeira vez escutava. Escutava sem vida interior, não só com os ouvidos, mas com o corpo todo. E então o que os ouvidos ouviam era o que de fato as coisas eram em seu eterno mover-se até cessar. Ouvia – e pensando agora, era algo como uma indiferença alerta. Escutava: as coisas no silêncio ressoam – acho que seria essa a definição. Durou muito pouco, mas reaparecia em flashs depois.
Tenho a impressão que pode tornar-se um truque mental, algo que se pode repetir como uma posição de ioga ou um golpe de capoeira. Talvez o que se queira obter na meditação vipassana. Sendo bem descritivo: minha mente não fabulava.
Foi uma manhã de coincidências e belas imagens. No caminho, era tamanha a minha certeza que encontraria dois amigos juntos que foi até uma surpresa encontrá-los.
Depois, eu imóvel na postura da árvore do chi kun e uma menina linda a uns metros de mim se equilibrando no ar entre duas palmeirinhas.
E assim correu esse domingo, repletos dessas ínfimas epifanias.